Para reflexão: O filho que quero ter!


"É comum a gente sonhar", eu sei; quando vem o entardecer, pois eu também dei de sonhar... Com o filho que "eu quero ter".

(O filho que eu quero ter - Toquinho e Vinícius de Moraes. http://www.youtube.com/watch?v=krGG4n_NlQ8 )

Todos nós sonhamos com o filho que queremos ter, criando expectativas positivas ou negativas. Este pensamento constante pode criar na criança ansiedade, sentimento de menos valia insegurança, sentimento de não ser amado, inferioridade, medo, fobia, rejeição, angústia e outros distúrbios de comportamento.
Se pudermos sempre lembrar o filho que fomos e do tipo de pai que somos, podemos olhar para dentro e questionar: como estou no meu papel de pai? É comum ouvir pais com sentimento de culpa e cobranças relativas ao "tempo" e à "distância". Mas isso pode ser resolvido de forma tranquila, pois o tempo necessário está ligado à qualidade e não à quantidade de tempo. É possível ficar efetivamente com os filhos. Às vezes uma hora do tempo do pai é mais importante do que um dia inteiro junto com o filho. E o que fazer nesta hora? Brincar, jogar, olhar para o filho escutá-lo... Isso tudo diminui a distância, a culpa e a relação vai criando intimidade.
Nos dias de hoje, temos também que nos oferecer por inteiro afetivamente. Não se esqueça de que você é o modelo de seu filho, portanto, só prover materialmente não ajuda no seu crescimento afetivo e social. Seu filho preciso de sua entrega afetiva.
Ser um pai legal, amigo e confidente. Não podemos esquecer de que, como pai, você tem que ser também o modelo de autoridade para que o seu filho se sinta seguro e respaldado. Para isso, é preciso viver afetivamente e efetivamente o papel de "pai".
Trocar de papel seria poder ouvir o filho e pensar como eu me sentiria em seu lugar, e como poderia resolver determinadas situações em seu lugar. A resposta vem de forma espontânea e, da mesma forma, posso orientar meu filho nesta ou naquela situação.
Ser vigia significa não aguentar meu papel de pai, só me torna mais inseguro e com medo. Devemos trocar o vigiar por estar ao seu lado, aberto para escutá-lo, sem cobrança e sem medo. Assim estarei sendo o respaldo real do meu filho.
A culpa dos pais acaba por distanciá-los mais dos filhos, para não terem que encarar as mudanças que são necessárias para o vínculo pai e filho. Vamos trocar o sentimento de culpa pelo estar presente. Jogar o chicote fora parar de se punir e encarar em que posso, em que devo mudar...E ter ação de fato! Falar com outros pais, com orientadores escolares, psicólogos, dividir as dificuldades enquanto pai, para que possam ser solucionadas.
 Se esconder a cabeça, como faz o avestruz, ficando com o bumbum exposto, esperando que alguém bata, me mostro vitimado e impotente. Não estarei, assim, ajudando meu filho, mas criando tiranos e filhos abandonados. A impotência do pai é cobrada por todos e pelo próprio filho. O pai se torna vítima e, caso não se ajuste, não desenvolverá seu papel de pai. Por outro lado, se estico o pescoço igual a uma girafa, não enxergo o que está lá embaixo. Desta maneira mostro que sou o pai onipotente, ninguém me cobra, nem eu me cobro. Vejo-me criando meu filho sem respaldo, deixando-o inseguro.
Devemos, portanto voltar o olhar para nós mesmos e perguntar: "como sou hoje como pai?" "Como era antes e como poderei ficar?" Assim conseguimos ser pai e mãe, complementando e dando respaldo ao filho que tenho.
Não existe receita para ser pai, existe o repensar, o viver, o mudar sempre, mudando comigo o meu papel de pai. Estamos sempre crescendo e mudando juntamente com nossos filhos.
Logo, devemos olhar, ouvir e sentir, criando assim, um forte vínculo. Nunca devemos olhar para nosso filho com o "olho da testa", porque isso corresponde à nossa fantasia interna, aos nossos medos interiores.
Devemos olhar nossos filhos com olhos límpidos, para que possamos educar e orientar o filho que podemos ter.

 disponível em: "/educacao-infantil-artigos/o-filho-que-quero-ter-5052083.html"


Fatima Moreira de Almeida


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